Ela é conhecida como Temazcal, Inipi, Sauna Indígena ou Sweet Lodge. Ou então, simplesmente, Tenda do Suor. A prática xamânica das sociedades indígenas das Américas (México, Guatemala e América do Norte) ajuda a desestressar, afastar as dores musculares e equilibrar corpo e mente. E ganha cada vez mais adeptos no Brasil, de norte a sul.
"É a mais antiga cerimônia que se tem registro na história nativa e é praticada de alguma forma por todas as outras culturas no mundo. Nossos antepassados estabeleceram o banho térmico para facilitar a cura, purificação e relaxamento. Muitas tribos americanas usam a tenda do suor tradicionalmente para purificação, limpeza e cura da mente, do corpo, das emoções e do espírito", explica Tony Paixão, que começou a estudar xamanismo em 1989 e é um dos precursores da Cerimônia da Tenda do Suor Tradição Cheyenne no Rio de Janeiro. "A cerimônia representa o útero da Mãe Terra. É uma forma de oração para honrar todas as nossas relações", compara.
A cerimônia tem uma longa preparação. "O ritual acontece após o aquecimento de pedras em uma grande fogueira", relata Pedra Rosa, do espaço Tempo do Vento, em Florianópolis. "Depois, elas são levadas a uma cabana em forma de um hemisfério onde os participantes entoam cantos e tocam tambor. O condutor da cerimônia despeja água sobre as pedras incandescentes". É aí que vapor d'água começa a fazer efeito. "Mesclado com o perfume das ervas medicinais, o vapor favorece a saúde do corpo desobstruindo os poros da pele, dilatando os vasos sanguíneos e proporcionando, assim, eliminação de toxinas e melhoras no aparelho respiratório e imunológico", diz.
Suzane Almeida se envolveu com esta cultura pesquisando formas de cura e saber indígenas. "Tenho uma avó india e outra negra", diz ela, que tem uma na pousada Candombá no Vale do Capão, Chapada Diamantina, Bahia. Segundo a mestra, os benefícios vão além da eliminação de toxina através do suor. "Retirada a carga nefasta de toxinas e radicais livres há uma mudança geral de padrão energético, vibracional e emocional, melhorando a qualidade mesmo dos nossos pensamentos e emoções. Ainda que para simples manutenção do corpo físico, só do ponto de vista terapêutico , já pode ser formidável" .
Em cada tenda, há um ritual específico. "O caminhar de cada cerimônia depende da tradição ao qual o condutor pertence. Mas todas se baseiam nas mesmas intenções, ou seja, purificação física, ampliação da conexão espiritual, foco e objetivo na missão individual a ser cumprida e a força e o poder que temos para vencer nossos medos", diz Bull, do espaço Aldeia do Sol, perto de Vassouras no Rio de Janeiro.
A prática pode ajudar até tratamento de dependentes químico, como conta o terapeuta Wilson Gonzaga, do espaço de cura Hanum Mapinguari em plena Selva Amazônica, no Rio Negro.
Ele explica que as contra indicações para participar da sauna indígena são as mesmas de uma sauna normal, tipo cardiopatias graves devido a alta temperatura dentro da tenda, mulheres grávidas, amamentando ou menstruadas. E lembra que não é uma prática religiosa e sim "um trabalho muito mais espiritual do que religioso. Um contanto entre a natureza interna e a externa".
Jaqueline Sperandio é atriz e figurinista e mora no Rio de Janeiro. Ela já participou de mais de dez tendas. "Algumas pessoas não aguentam o calor e é comum que um ou outro queira sair. Mas o legal é o desafio de superar o incômodo. Quando chega naquele limite do insuportável, a tenda é logo após aberta para refrescar", conta. "Amo fazer, me sinto realmente no interior de um útero, aconchegada e acarinhada. Quando acaba eu me sinto maravilhosamente bem. É terapêutico".
Extraído de gent.globo.com
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